Usar roupa de cortiça ou roupa colorida com plantas e cogumelos pode passar a ser uma realidade, graças a projetos da Sedacor e da Tintex. Os projetos de cada uma das empresas, ambos apoiados pela ANI, venceram o Techtextil Innovation Award. Foi a primeira edição do maior prémio mundial de inovação no setor têxtil em que Portugal foi distinguido.
Um novo material mais resistente e sustentável
O produto da Sedacor, que venceu o prémio da categoria “Novo Material”, é um fio revestido com micro aditivos de cortiça que pode ser usado para setores como têxteis-lar, vestuário, calçado e acessórios de moda, estofaria ou até mobilidade. Comparado com um fio de algodão sem cortiça, o fio da Sedacor é mais resistente à rutura e ao alongamento, à abrasão e ao borboto. A par disso, é mais estável perante lavagens e secagens domésticas e possui propriedades antibacterianas.
Trata-se do resultado de um projeto de I&D em Copromoção e de projeto Demonstrador em Copromoção ambos apoiados pela ANI e cofinanciados pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER) através, respetivamente, do COMPETE e do COMPETE 2020.
No projeto de I&D em Copromoção “Cork-a-Tex”, executado entre 2014 e 2015, o principal objetivo foi a investigação e desenvolvimento de materiais têxteis (fios e tecidos) com incorporação de resíduos de cortiça sob a forma de nano/micro aditivos de cortiça.
Numa segunda fase, através do Projeto Demonstrador em Copromoção “Cork-a-Tex-Yarn”, desenvolvido entre 2016 e 2018, alcançou-se a escalabilidade, otimização e validação industrial do conceito.
Suportado por um consórcio liderado pela Sedacor e que integra a Têxteis Penedo, a Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto e o Centro Tecnológico dos Têxteis e Vestuário (CITEVE), e resultado de um investimento em I&D de cerca de 850 mil euros, o produto aproveita os resíduos da cortiça, dando-lhes um novo propósito, numa lógica de economia circular.
Está em processo de conclusão uma patente internacional e os parceiros empresariais – Sedacor e Têxteis Penedo - estão já a industrializar este novo material através de um investimento de mais de dois milhões de euros, prevendo-se que esteja disponível no mercado ainda em 2019.
Eliminar corantes sintéticos com um novo processo de tingimento sustentável
Já o projeto “Picasso”, que desenvolveu um processo de tingimento sustentável, venceu a categoria de “Sustentabilidade”. Liderado pela Tintex, o projeto contou com participação de dois Centros de Interface reconhecidos pelo Ministério da Economia e apoiados pela ANI, o CITEVE e o CeNTI - Centro de Nanotecnologia e Materiais Técnicos Funcionais e Inteligentes, assim como das empresas Ervital e Bioinvitro.
A Tintex desenvolveu um processo de tingimento a partir da extração de compostos naturais, cogumelos e plantas, que, além de tirar partido da elevada biodiversidade de Portugal, é ainda uma alternativa aos corantes artificiais utilizados na indústria têxtil.
A utilização de produtos naturais para colorir as roupas pode ainda passar para os produtos um aroma que repele mosquitos, assim como providenciar propriedades antioxidantes e antimicrobianas, que contribuem para um maior valor ecológico.
Cofinanciado pelo COMPETE 2020 e com o apoio da ANI no âmbito do Sistema de Incentivos à I&DT, o Projeto em Copromoção envolveu um investimento elegível de 816 mil euros.
Entre os sete premiados, a edição de 2019 dos Techtextil Innovation Award ainda distinguiu mais um projeto português. O “E.caption 2.0” foi o vencedor da categoria “Nova Aplicação” e foi desenvolvido pela Universidade da Beira Interior com a colaboração do Instituto de Telecomunicações de Aveiro, tratando-se de um casaco protetor de radiações para os técnicos de telecomunicações que fazem manutenção às antenas.
O Techtextil Innovation Award é a distinção atribuída durante a Techtextil, um dos maiores eventos mundiais da indústria têxtil, que ocorre anualmente na Alemanha.
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